Filosofía en español 
Filosofía en español


Entrevista concedida a Oscar Paxeco


Octubre de 1934a
Oscar Paxeco, «No 7.º Aniversario da morte de José António. História de um autógrafo do fundador da Falange», Diário da Manhã (Lisboa), 20 de noviembre de 1943b

 
[ 350a ]
 

[…]

Lo esencial en un Movimiento es esto: encontrar una norma constante que sirva de medida para regular los derechos y los deberes de hombres y grupos, es decir, sustituir las luchas de partidos y de clases por una armazón orgánica que encamine el esfuerzo de todos en el servicio común de la Patria. Para esto es preciso: 1.º, devolver a España un sentido histórico fuerte, una convicción enérgica en su destino universal; 2.º, restaurar la primacía de las virtudes heroicas; 3.º, implantar una justicia social profunda, que considere a todo el pueblo como una comunidad orgánica de existencia y reparta mejor los placeres y sacrificios. […].

⎯⎯⎯⎯⎯⎯

Oscar Paxeco, «Carta de Madrid. Entrevista com José António Primo de Rivera, chefe das JONS»,
Diário da Manhã (Lisboa), 25 de octubre de 1934c

 
[ 350b ]
 

Carta de Madrid

Entrevista com José Primo de Rivera, Chefe das JONS

A Espanha necesita de mais do que paz. E o que ela precisa não acredoto eu que possa dar-lhe o Govêrno de Lerroux
Madrid – Outubro – (Do nosso enviado especial)

Vimos pela primeira vez, José António Primo de Rivera, naquele domingo glorioso, de sol, em que toda a Madrid, expressão viva da Espanha agradecida, saíu para a rua, vitoriando o Exército, aclamando o Govérno, tributando preito de justiça áqueles que havíam sabido salva a Unidade da nação española.

Mal rompera o dia espalhara-se por tóda a cidade a noticia de que o general Batet reduzira á derrota os insensatos que na Catalunha haviam erguido a bandeira separatista.

Primo de Rivera, heredeiro dum nome que anda a soar na Espanha há mais de meio século, um nome que vive préso tanto a horas de glória com a alguns momentos de angustia da pátria vizinha, Primo de Rivera, diziamos, lembrou-se de que, antes de tudo, primeiro que tudo, era espanhol.

Caudilho entusiasmado, ardoroso, veio tambem para a rua á frente dalguns milhares de espanhois, soldados disciplinados da JONS a organização patriótica que o moço advogado chefia com o ardor da sua mocidade, com o valor inquebrantavel da sua fé de espanhol, com o prestigio admiravel do seu nome.

Desceu, em triunfo, a Castellana, subiu a Alcalá e quando desembocou na Puerta del Sol, para vitoriar o Govérno que tinha sabido vencer a traição, D. José António já não vinha seguido apenas por aqueles milhares de espanhois que com éle tinham empreendido a marcha. Naquele momento era um chefe, o caudilho duma multidão enorme, dum mare magnum de gente presa dos seus gestos, movida pelas suas palavras.

Ao outro dia voltámos a ver o filho do ultimo ditador de Espanha no Parlamento, decidido, magnifico no desassombro das suas afirmações. Interessou-nos a sua mocidade, a clareza das suas ideias, a fé exaltada do seu patriotismo.

E nasceo em nós o propósito de lhe falar, de o conhecer mais de perto, de fazer com que ficasse mais á mão da nossa curiosidade de jornalista aquela figura de rapaz a quem –cremos sinceramente, sem pretensões de profeta,– está reservado, na politica da Espanha, um lugar que é déle, talvez pela simples razão de que hé lugares que só pertencem aos novos que tém talento, que tém fé, que tém coragem.

A mais de tudo isto, D. José António é, nos seus moços 30 anos, o chefe respeitado e querido duma das maiores organizações politicas do seu país: as JONS (Juvéntudes Operárias Nacionais Socialistas) [sic] o «fascio» da Espanha. É o chefe da extrema direita, se’ele consentir que eu assim chame ao seu movimento de renovação.

Quando o procurámos, esquecido das fórmulas a que obriga a distancia que nos separa, fizemo-lo naquela franqueza desataviada com que um rapaz pode procurar outro rapaz:

— Sou um jornalista portugués –dissemos-lhe– que foi surpreendido em Espanha por éstes acontecimentos que puseram em pé de guerra o seu pais. Gostava de ouvi-lo sóbre o qyue pensa da politica espanhola e, tambem, sóbre o que é e vale o seu movimento de renovação.

José António Primo de Rivera não se admirou da sem-cerimónia e pronto respondeu:

— Mas só eu é que tenho de agradecer-lhe sua lembrança. Terei o maior prazer em falar contigo.

Como todos os nossos entrevistados de Espanha, D. José António tambem nos pediu o questionário a que éle respondería.

Negámo-nos: Pior que uma entrevista, só una enbtrevista questionario…

O chefe da Falange Espanhola das JONS cede.

— Cré que vá passada de todo e ameaça revolucionária?…

— Você começa por me interrogar sobre um assunto que é de difícil reposta. Neste momento, em minha opinião o perigo da desordem ainda não está de todo afastado. Depende, evidentemente, da politica que se siga agora. A vitória sobre um movimento separatista pode iluminar triunfalmente um periodo de meio século, na vida do meu pais. Para tanto é, porém, necessário que as mãos vitoriosas sejam capazes de saber aproveitar essa vitória e que a mente dos vencedores albergue, inequivocamente, o sentido grandioso duma outra Espanha.

— Pensa, no entanto, que a Espanha irá agora gozar de melhores dias.

— Repito-lhe, tudo depende de que os que a dirigem saibam extrair o conteúdo histórico do momento.

— Mas o Governo Lerroux não será capaz de levar a bom termo a obra de paz de que a Espanha carece?

— Duvido-o. A Espanha necessita de mais do que paz. E o que ela precisa não acredito eu que possa dar-lho o Governo de Lerroux.

«Olhe: no manifesto de 13 de Outubro, que dirigi a todos os filiados da Falange Espanhola das JONS depois de afirmar que é necessário que os vencedores saibam aproveitar a hora da vitória, afirmei isto, que vocé pode ler.

Lemos. Diz assim:

— «Não acreditamos que isso (o aproveitamento da vitória) aconteça. O estilo mais que antiquado dos que governam, o tom conservador, egoista e anti-heroico dos partidos, hoje agrupados no Poder, justificam a previsão de que tudo se vá. A data de 7 de Outubro, que pode marcar um novo ciclo, perder-se-á na espessa confusão de outras datas mediocres. Populistas, radicais, democratas e agrários, parecem dispor-se a não deduzir do instante nenhuma consequência heroica. O tesouro do sentido espanhol que encerra a vitória sobre o separatismo, gastar-se-á no fogo fatuo das sessões patrióticas, dos agradecimentos ao Governo, das alianças entre pessoas de ordem. A nossa Juventude terminantemente se se absterá de participar em tais manifestações. O altivo isolamento de ontem e de sempre guardará intacta a virtude espiritual da reconquista para quando esta possa-chegar, sem ter de repartir a vitória total.»

Quando acabámos de lér, Primo de Rivera, preguntou-nos:

— Já viu? Isso traduz o meu pensamento e creio que responde a sua perguntad.

— Há neste momento uma questão que se debate, em Espanha, sob o mais evidente e compreensível interesse: a do regionalismo. Que lhe parece: que há que evitar, ou não o seu desenvolvimento?

— Entendo que não desde que, como é de ser, as regiões conservem, inequívoca, a consciência de Espanha como «unidade de destino».

— No entanto, há quem defenda a opinião de que o regionalismo conduz, sempre, ao separatismo…

— Conduz, de facto, ao separatismo quando as regiões se fundam num nacionalismo naturalista sobre razões de raça, de língua ou de topografia. Todavia, sempre que se tenha presente que uma nação é uma «unidade de destino universal» as caracteristicas regionais não podem converter-se em nacionalismos. Para implantar, porém, esta ideia de nação requere-se uma educação larga, que a Espanha demagógica não possui.

— Nesse caso…

— O que é preciso é começar de novo a política regional sobre pensamento e bases diferentes.

— Mas, e o Estatuto da Catalunha?

— Esse há que derroga[r]-lo completamente. Una Catalunha livre dos propósitos separatistas poderá aspirar, como as outras regiões de Espanha, a certas reformas descentralizadoras. Todavia, a breve experiência do Estatuto acreditou-o como estufa para a cultura do separatismo. Conservá-lo despois de semelhante demonstração só pode ser obra de traidores.

Vem, agora, á baila da conversa a possibilidade de se implantar em Espanha uma nova Ditadura.

Preguntámos a Primo de Rivera:

— Julga-a inevitável e necessária?

E o filho do homem que fez a ultima Ditadura Em Espanha, defensor constante da sua memória, num dessassombro admirável, numa coragem digna de nota, responde:

— Como a anterior, de forma nenhuma. É, no en tanto, necessário um regime autoritário que crie um espírito nacional forte, e imponha uma profunda justiça social.

— E quem a fará? O Exército? As direitas? As esquerdas?

— O que vier, ou terá uma base nacional, popular, totalitária, ou não fará obra profunda. Assim nada há a esperar de fecundo nem dos partidos das esquerdas, nem dos partidos das direitas. É que uns e outros são incapazes de realizar a obra que é necessária.

Vou entrar, agora, no capitulo das indiscrições, dos atrevimentos jornalísticos, das perguntase que não têm resposta…

Començámos:

— Ouvi-o, no Parlamento, atacar o general Batet, vencedor da Catalunha. Por que?

Primo de Rivera olha-nos, sorri e diz:

— Não se vai zangar com a minha resposta. Mas desculpa-me que não lhe diga nada. São «coisas de família», são «coisas ca de casa». Reservo-me para falar sobre o assunto, mas aos espanhóis. O sr. é estrangeiro e jornalista.

Pedimos a D. José António que nos desculpe. Compreendo inteiramente a sua resposta. Trocados os papéis, responderia, também, assim. Mas, de facto, eu sou jornalista…

— Por Deus –corta ele– perguntef o que quiseras.

E nós esquecidos já deste primeiro insucesso:

— Então permita outra perguntag, se calhar, indiscreta, também: qual a sua posição e a do seu movimento perante a República?…

O nosso entrevistado volta de novo a sorrir para logo me dizer, fingindo que nem sequer tem a pretensão de eludirh a resposta:

— Tenho imensa pena de não poder falar-lhe, de devagari, do meu movimento que é já na vida política de Espanha qualquer coisa de muito grande.

«Só posso, no entanto, dar-lhe linhas gerais.

«O essencial no movimento da Falange das JONS é isso: encontrar uma norma constante que sirva de medida para regular os direitos e deveres de homens e de grupos.

— O que quere dizer…

— Que é necessário substituir as lutas de partido e de classe por uma harmonia orgânica que encaminhe o esforço de todos no serviço comum da Pátria.

— E para isso crê que seja preciso…

— 1.e: Devolver a Espanha um sentido histórico forte, uma consciência enérgica, no seu destino universal; 2.e: Restaurar a primazia das virtudes heróicas; 3.e: Implantar uma Justiça social profunda, que considere todo o povo como uma comunidade orgânica de existência, que reparta melhor os gozos e os sacrifícios.

«O nosso movimento está ganhando a Juventude espanhola, e avança a grandes passos entre os intelectuais, os estudantes, os trabalhadores, os melhores massas de operários.

— Quantos filiados tem?

— Neste momento, em toda a Espanha, há 70.000 inscritos nos nossos quadros.

E com fé, com entusiasmo, José António Primo de Rivera diz-me:

— Sem a levedura do nosso movimento não se fará em Espanha nenhuma obra política interessante.

* * *

Percebemos que e tempo de por termo á conversa. Não por nós, mas por D. José António. Todavia, ainda temos mais que perguntarj.

Ontem, os tribunais espanhóis proferiram as primeiras sentençask de morte.

Que pensará sobre este assunto, hoje, da mais viva importância para a Espanha, o chefe das JONS?

E ele diz-nos, logo, claramente, francamente:

— As armas de Espanha necessitam de mais alguma coisa que elogios palavrosos e cerimónias. Necessitam de Justiça. Os tribunais de guerra voltam como de costume, a sua severidade contra os que flanquearam ou traíram as próprias fileiras do Exército. Que não fiquem, no entanto, impunes os verdadeiros culpados, os politicos, que para alimentar os seus despeitos ou servir os seus interesses fizeram derramar o caudal irreparável de tanto e tão bom sangue espanhol.

— E pensa que tal possa acontecer?

— Não sei. Mas olhe, já se percebe que os sucessos revolucionários não vão ter um fim claro, iniludível. Começam já os preparativos de impunidade para os mentores da revolução, os trabalhos de garantia de manutenção para o Estatuto da Catalunha, as negociações com os sindicatos socialistas que o Governo pensa dominar, graças a mediação de Besteiro. Como vê…

«Ora nós ao mesmo tempo que exigimos justiça, queremos também que se faça una revolução completa no campo económico e social, a dissecação implacável de quantos fundos turvos escondem a UGT e o partido socialista. Pareca-nos indecenbte que se venha escamotear essa implacável fiscalização atrás de negociações, por mor de tranquilidade pública, com os socialistas moderados…

Vamos acabar com este abuso, que já está sendo a nossa demora:

— É voz corrente em Espanha que a ultima revolução tinha por fim instaurar a Confederação Comunista Ibérica com Portugal e tudo… Foi para isso que se fez o negocio das armas em que andaram de mietura espanhóis e portugueses…

— É possível. Julgo essa gente que governou capaz de tudo. No entando, devo dizer-lhe que não possuo sobre o caso, elementos superiores aos fornecidos pela Imprensa do meu pais.

— No entanto –arriscámos– há espanhóis com a permanente obsessãol duma anexaçao de Portugal…

— Não o creia. A Espanha verdadeira não alberga tal sentimento. Portugal e Espanha são e serão sempre duas nações irmãs e amigas. Mas note bem: sempre duas Nações.

Estava dito tudo.

 A entrevista que Primo de Rivera queria que fosse feita de respostas mortas a um questionário, resultara uma conversa cheia de vida, de expressão, de entusiasmo, uma conversa que nos proporcionou alguns dos momentos mais agradáveis de quantos –mesmo com revolução– passámos em Espanha.

Oscar Paxeco

⎯⎯⎯⎯⎯⎯

Carta de Madrid

Entrevista con José Primo de Rivera, Jefe de las JONS

España necesita de más que paz. Y lo que necesita no creo que pueda dárselo el Gobierno de Lerroux
Madrid – Octubre – (De nuestro enviado especial)

Vimos por primera vez a José Antonio Primo de Rivera aquel domingo glorioso, de sol, en que todo Madrid, expresión viva de España agradecida, salió a la calle, vitoreando al Ejército, aclamando al Gobierno, tributando pleito de justicia a aquellos que habían sabido salvar la Unidad de la nación española.

Apenas hubo roto el día se esparció por toda la ciudad la noticia de que el general Batet había derrotado a los insensatos que en Cataluña habían erguido la bandera separatista.

Primo de Rivera, heredero de un nombre que suena en España hace más de medio siglo, un nombre que vive ligado tanto a horas de gloria como a algunos momentos de angustia de la patria vecina, Primo de Rivera, decíamos, se acordó de que, antes de todo, primero que todo, era español.

Caudillo entusiasmado, ardoroso, salió también a la calle al frente de algunos miles de españoles, soldados disciplinados de la JONS, la organización patriótica que el joven abogado dirige con el ardor de su juventud, con el valor inquebrantable de su fe de español, con el prestigio admirable de su nombre.

Descendió, triunfante, la Castellana, subió Alcalá y cuando desembocó en la Puerta del Sol, para vitorear al Gobierno que había sabido vencer la traición, D. José Antonio ya no venía seguido sólo por aquellos miles de españoles que con él habían emprendido la marcha. En aquel momento era un jefe, el caudillo de una multitud enorme, de un mare mágnum de gente presa de sus gestos, movida por sus palabras.

Al otro día volvimos a ver el hijo del último dictador de España en el Parlamento, decidido, magnífico en la firmeza de sus afirmaciones. Nos interesó su juventud, la claridad de sus ideas, la fe exaltada de su patriotismo.

Y nació en nosotros el propósito de hablarle, de conocerlo más de cerca, de poner más a mano de nuestra curiosidad de periodista aquella figura de muchacho a quien –creemos sinceramente, sin pretensiones de profeta,– está reservado, en la política de España, un lugar que es de él, tal vez por la simple razón de que hay lugares que sólo pertenecen a los nuevos que tienen ingenio, que tienen fe, que tienen coraje.

Además de todo esto, D. José Antonio es, a sus jóvenes 30 años, el jefe respetado y querido de una de las mayores organizaciones políticas de su país: las JONS (Juventudes Obreras Nacionales Socialistas) [sic] el «fascio» de España. Es el jefe de la extrema derecha, aunque no consienta que yo llame así a su movimiento de renovación.

Cuando lo buscamos, olvidadas las fórmulas a las que obliga la distancia que nos separa, lo hicimos con aquella franqueza desnuda con que un muchacho puede buscar a otro muchacho:

— Soy un periodista portugués –le dijimos– sorprendido en España por estos acontecimientos que pusieron en pie de guerra su país. Me gustaría oírle sobre lo que piensa de la política española y, también, sobre lo que es y vale su movimiento de renovación.

José Antonio Primo de Rivera no se admiró de la espontaneidad y pronto respondió:

— Pero soy yo quien tiene que agradecerle su recuerdo. Tendré el mayor placer en hablar contigo.

Como todos nuestros entrevistados de España, D. José Antonio también nos pidió el cuestionario al que él respondería.

Nos negamos: Peor que una entrevista, sólo una entrevista cuestionario…
El jefe de la Falange Española de las JONS cede.

— ¿Cree que ha pasado del todo la amenaza revolucionaria?…

— Usted comienza por interrogarme sobre un asunto que es de difícil repuesta. En este momento, en mi opinión el peligro del desorden aún no está de todo alejado. Depende, evidentemente, de la política que se siga ahora. La victoria sobre un movimiento separatista puede iluminar triunfalmente un periodo de medio siglo, en la vida de mi país. Para ello es, sin embargo, necesario que las manos victoriosas sean capaces de saber aprovechar esa victoria y que la mente de los vencedores albergue, inequívocamente, el sentido grandioso de otra España.

— Piensa, sin embargo, que España gozará ahora de mejores días.

— Le repito, todo depende de que los que la dirigen sepan extraer el contenido histórico del momento.

— ¿Pero el Gobierno Lerroux no será capaz de llevar a buen término la obra de paz de que España carece?

— Lo dudo. España necesita de más que paz. Y lo que necesita no creo yo que pueda darlo el Gobierno de Lerroux.

«Mire: en el manifiesto de 13 de Octubre, que dirigí a todos los afiliados de la Falange Española de las JONS después de afirmar que es necesario que los vencedores sepan aprovechar la hora de la victoria, afirmé esto, que usted puede leer.

Leemos. Dice así:

No confiamos en que eso (el aprovechamiento de la victoria)m ocurra. El estilo más que trasnochado de quienes gobiernan, el tono conservador, egoísta y antiheróico de los partidos hoy agrupados en el Poder, justifican la previsión de que todo se desperdicie. La fecha del 7 de octubre, que pudo ser inaugural, se perderá en la espesa mezcolanza de otras fechas mediocres. Populistas, radicales, demócratas y agrarios se las ingeniarán para no deducir del instante ninguna consecuencia heroica. El tesoro del sentido español que encierra la victoria sobre el separatismo, se gastará en la calderillan de las «sesiones patrióticas», de las acciones de gracia[s] al Gobierno y de las alianzas de las gentes de orden. Nuestra juventud, terminantemente, se abstendrá de participar en tales mojigangasñ. En el altivo aislamiento de ayer y de siempre, guardará intacta la virtud espiritual de la reconquista para cuando llegue, ni mediatizada ni compartidao, la total victoria.»

Cuando acabamos de leer, Primo de Rivera nos preguntó:

— ¿Lo vio? Eso traduce mi pensamiento y creo que responde su pregunta.

Hay en este momento una cuestión que se debate, en España, bajo el más evidente y comprensible interés: el del regionalismo. ¿Qué le parece: que hay que evitar o no su desarrollo?

— Entiendo que no desde que, como ha de ser, las regiones conserven, inequívoca, la conciencia de España como «unidad de destino».

— Sin embargo, hay quien defienda la opinión de que el regionalismo conduce, siempre, al separatismo…

— Conduce, de hecho, al separatismo cuando las regiones se fundan en un nacionalismo naturalista sobre razones de raza, de lengua o de topografía. Sin embargo, siempre que se tenga presente que una nación es una «unidad de destino universal» las características regionales no pueden convertirse en nacionalismos. Para implantar, sin embargo, esta idea de nación se requiere una educación amplia, que la España demagógica no posee.

— En ese caso…

— Lo que es preciso es comenzar de nuevo la política regional sobre pensamiento y bases diferentes.

— Pero, ¿y el Estatuto de Cataluña?

— Ese hay que derogarlo completamente. Una Cataluña libre de los propósitos separatistas podrá aspirar, como las otras regiones de España, a ciertas reformas descentralizadoras. Sin embargo, la breve experiencia del Estatuto lo acreditó como estufa para el cultivo del separatismo. Conservarlo después de semejante demostración sólo puede ser obra de traidores.

Viene, ahora, al hilo de la conversación la posibilidad de implantarse en España una nueva Dictadura.

Preguntamos a Primo de Rivera:

— ¿La juzga inevitable y necesaria?

Y el hijo del hombre que hizo la última Dictadura en España, defensor constante de su memoria, con una firmeza admirable, con un coraje digno de nota, responde:

— Como la anterior, de ninguna manera. Es, no obstante, necesario un régimen autoritario que cree un espíritu nacional fuerte, e imponga una profunda justicia social.

— ¿Y quién la hará? El Ejército? Las derechas? Las izquierdas?

— Lo que venga, o tendrá una base nacional, popular, totalitaria, o no hará obra profunda. Así nada hay a esperar de fecundo ni de los partidos de las izquierdas, ni de los partidos de las derechas. Y es que unos y otros son incapaces de realizar la obra que es necesaria.

Voy a entrar, ahora, en lo capitulo de las indiscreciones, de los atrevimientos periodísticos, de las preguntas que no tienen respuesta…

Comenzamos:

— Le he oído, en el Parlamento, atacar el general Batet, vencedor de Cataluña. ¿Por qué?

Primo de Rivera nos mira, sonríe y dice:

— No se va a enfadar con mi respuesta. Pero discúlpeme que no le diga nada. Son «cosas de familia», son «cosas acá de casa». Me reservo para hablar sobre el asunto, pero a los españoles. El Sr. es extranjero y periodista.

Pedimos la D. José Antonio que nos disculpe. Comprendo enteramente su respuesta. Intercambiados los papeles, respondería, también, así. Pero, de hecho, yo soy periodista…

— Por Dios –corta él– pregunte lo que quiera.

Y nosotros olvidados ya de este primer fracaso:

— Entonces permita otra pregunta, aunque oportuna, indiscreta, también: ¿cuál su posición y la de su movimiento ante la República?…

Nuestro entrevistado vuelve de nuevo a sonreír para inmediatamente decirme, fingiendo que ni siquiera tiene la pretensión de eludir la respuesta:

— Tengo inmensa pena por no poder hablarle, despacio, de mi movimiento que es ya en la vida política de España algo muy grande.

«Sólo puedo, sin embargo, darle líneas generales.

«Lo esencial en el movimiento de la Falange de las JONS es eso: encontrar una norma constante que sirva de medida para regular los derechos y deberes de hombres y de grupos.

— Lo que quiere decir…

— Que es necesario sustituir las luchas de partido y de clase por una armonía orgánica que encamine el esfuerzo de todos en el servicio común de la Patria.

— Y para eso cree que sea preciso…

— 1.º: Devolver a España un sentido histórico fuerte, una conciencia enérgica, en su destino universal; 2.º: Restaurar la primacía de las virtudes heroicas; 3.º: Implantar una Justicia social profunda, que considere a todo el pueblo como una comunidad orgánica de existencia, que reparta mejor los placeres y los sacrificios.

«Nuestro movimiento está ganando la Juventud española, y avanza a grandes pasos entre los intelectuales, los estudiantes, los trabajadores, las mejores masas de obreros.

— ¿Cuántos afiliados tienen?

— En este momento, en toda España, hay 70.000 inscritos en nuestros cuadros.

Y con fe, con entusiasmo, José Antonio Primo de Rivera me dice:

— Sin la levadura de nuestro movimiento no se hará en España ninguna obra política interesante.

* * *

Percibimos que y tiempo de por término la conversación. No por nosotros, pero por D. José Antonio. Sin embargo, aún tenemos más que preguntar.

Ayer, los tribunales españoles emitieron las primeras sentencias de muerte.

¿Qué pensará sobre este asunto, hoy, de la más viva importancia para España, el jefe de las JONS?

Y él nos dice, inmediatamente, claramente, francamente:

— Las armas de España necesitan de más alguna cosa que elogios palabreros y ceremonias. Necesitan de Justicia. Los tribunales de guerra vuelven como de costumbre, su severidad contra los que atacaron o traicionaron las propias filas del Ejército. Que no queden, sin embargo, impunes los verdaderos culpables, los políticos, que para alimentar sus despechos o servir sus intereses hicieron derramar el caudal irreparable de tanta y tan buena sangre española.

— Y piensa que tal pueda acontecer?

— No sé. Pero mire, ya se percibe que los sucesos revolucionarios no van a tener un final claro, ineludible. Comienzan ya los preparativos de impunidad para los mentores de la revolución, los trabajos de garantía de mantenimiento para el Estatuto de Cataluña, las negociaciones con los sindicatos socialistas que el Gobierno piensa dominar, gracias a la mediación de Besteiro. Como ve…

«Ahora nosotros al mismo tiempo que exigimos justicia, queremos también que se haga una revolución completa en el campo económico y social, el análisis implacable de cuantos hondos turbios esconden la UGT y el partido socialista. Nos parece indecente que se venga a escamotear esa implacable fiscalización detrás de negociaciones, por mor de tranquilidad pública, con los socialistas moderados…

Vamos a acabar con este abuso, que ya está siendo la nuestra demora:

— Es voz corriente en España que la última revolución tenía por fin instaurar la Confederación Comunista Ibérica con Portugal y todo… Fue para eso que se hizo el negocio de las armas en que anduvieron metidos españoles y portugueses…

— Es posible. Juzgo a esa gente que gobernó capaz de todo. No obstante, debo decirle que no poseo sobre el caso, elementos superiores a los suministrados por la Prensa de mi país.

— Sin embargo –arriesgamos– hay españoles con la permanente obsesión de una anexión de Portugal…

— No lo crea. La España verdadera no alberga tal sentimiento. Portugal y España son y serán siempre dos naciones hermanas y amigas. Pero note bien: siempre dos Naciones.

Estaba dicho todo.

La entrevista que Primo de Rivera quería que fuera hecha de respuestas muertas a un cuestionario, resultó una conversación llena de vida, de expresión, de entusiasmo, una conversación que nos proporcionó algunos de los momentos más agradables de cuantos –aún con revolución– pasamos en España.

Oscar Paxeco

⎯⎯⎯⎯⎯⎯

Oscar Paxeco, «No 7.º Aniversario da morte de José António. História de um autógrafo do fundador da Falange», Diário da Manhã (Lisboa), 20 de noviembre de 1943p

 
[ 350c ]
 

No 7.º Aniversario da morte de José António

História de um autógrafo

do fundador da Falange

[…]

Lembro-me que em determinado momento lhe pergunteiq se ele julgava inevitabel e necessária uma ditadura. E o filho do ultimo ditador de Espanha, desassombrado, pronto e decidido, declarou-me:

— Como a anterior (a do Pai) de forma nenhuma. Faltou-lhe em espirito de doutrina o que lhe sobejou em acção, por vezes desordenada. É, no entanto, necessário un regime autoritário que crie um espirito nacional forte e que imponha uma profunda justica social.

E mais adiante, como lhe falasse na obcessão de muitos espanhois, os esquerdistas de então, em realizar a tão decantada «união ibérica», José António retorquiu-me:

— Não creia. A Espanha verdadeira não alberga tal sentimento. Portugal e Espanha serão sempre duas Nações irmãs e amigas, mas, note bem, sempre duas Nações.

⎯⎯⎯⎯⎯⎯

[…]

[En determinado momento le pregunté si él juzgaba necesaria e inevitable una dictadura. Y el hijo del último dictador, sin vacilar, rápido y decidido, me declaró:

— Como la anterior (la del padre) de ninguna forma. Le faltó en espíritu doctrinario lo que le sobró en acción, a veces desordenada. Es, no obstante, necesario un régimen autoritario que aliente un espíritu nacional fuerte y que imponga una profunda justicia social.

Y más adelante, como le hablase de la obsesión de muchos españoles, los izquierdistas de entonces, empeñados en realizar la tan decantada «unión ibérica», José Antonio me replicó:

— No lo creo. La España verdadera no abriga tal sentimiento. Portugal y España serán siempre dos naciones hermanas y amigas, pero, anote bien, siempre dos naciones.]


⎯⎯⎯

a  El anterior recopilador ofrece erróneamente la fecha de 14 de diciembre de 1934 como la del día en que se celebró la entrevista, lo que no esposible dada la fecha de su publicación, 25 de octubre de 1934.

b  Reproducción gráfica, con traducción al portugués. Este texto ha sido difundido en otras ocasiones, asociado con la versión siguiente, bajo el epígrafe «Una justicia social profunda». Explica Paxeco en el artículo así ilustrado: «[…] Foi no final desta conversa que Primo re [s] Rivera, temendo talvez que eu não tivesse entendido completamente a claridade limpida das suas ideas, a lucidez das suas afirmações, voltou a falar-me no questionário. Podía ser um complemento que posiblemente esclarecesse uma ou outra frase perventura incompleta… […]» [«Fue al final de esta conversación cuando Primo de Rivera, temiendo tal vez que no hubiese entendido completamente la limpia claridad de sus ideas, la lucidez de sus afirnaciones, volvió a hablarme del cuestionario. Podía ser un complemento que posiblemente esclareciese una u otra frase casualmente incompleta… […]» Por su parte, el anterior recopilador recreó de esta forma este testimonio:

«La imperfección de mi castellano le hizo temer de que alterase involuntariamente sus declaraciones.

–Uso un castellano apretado y duro. Por eso odio los resúmenes periodísticos. En cuanto se me abrevia la ya breve expresión del lenguaje, se me quedan las frases en los huesos. Quizá por tal causa –concluyó sonriendo– nadie me traga. Los huesos no se digieren.

Para obviar tal riesgo se ofreció gustoso a redactar unas cuartillas con la síntesis de sus postulados. En un fragmento autógrafo dice lo siguiente:».

c  El anterior recopilador elaboró su propia versión de la entrevista asociando libremente el fragmento reproducido en este artículo con el fragmento de las cuartillas manuscritas que lo ilustra. El texto resultante ha sido difundido en otras ocasiones bajo el epígrafe «Una justicia social profunda».

d  Una errata modifica esta palabra: «pregunta».

e  Una errata en la fuente modifica esta palabra: «preguntas».

f  Una errata en la fuente modifica esta palabra: «pregunte».

g  Una errata en la fuente modifica esta palabra: «pregunta».

h  Una errata en la fuente modifica esta palabra: «iludir».

i  La fuente presenta aquí un error al emplear en lugar de esta palabra la expresión: «de espaço».

j  Una errata en la fuente modifica esta palabra: «preguntar».

k  Una errata en la fuente modifica esta palabra: «sentenaçs».

l  Una errata en la fuente modifica esta palabra: «obcessão».

m  Lo incluido entre paréntesis es una nota aclaratoria del periodista.

n  La traducción al portugués utiliza la expresión «fuego fatuo» en su lugar.

ñ  La traducción al portugués sustituye tal expresión por «manifestaciones».

o  La traducción al portugués utiliza, en su lugar, la expresión «sin tener que compartirla».

p  El anterior recopilador elaboró su propia versión de la entrevista asociando libremente el fragmento reproducido en este artículo con el fragmento de las cuartillas manuscritas que lo ilustra. El texto resultante ha sido difundido en otras ocasiones bajo el epígrafe «Una justicia social profunda».

q  Una errata en la fuente modifica esta palabra: «preguntei».